Podemos nós estar em um multiverso?
Com o avanço das pesquisas acerca da origem do Universo e de sua composição, cada vez mais vemos que estamos em um meio extremamente complexo e enigmático. Para complicar ainda mais, nos deparamos agora com teorias de que este universo não é o único, mas sim que estamos inseridos em um imenso multiverso, onde nem eu e nem você somos únicos, pois uma cópia de qualquer pessoas daqui, assim como a de qualquer objeto cósmico, pode estar permeando em outra dimensão.
(Fonte: Isto é Física) A origem da conjectura de universos paralelos está intimamente ligada com a introdução da ideia da mecânica quântica no início de 1900. A mecânica quântica, um ramo da física que estuda o mundo infinitesimal, prediz o comportamento de objetos nanoscópicos. Os físicos tinham dificuldades em montar um modelo matemático para o comportamento da matéria quântica porque parte desta matéria apresenta propriedades "estranhas", pois se comporta como partícula ou como onda ao mesmo tempo. Por exemplo o fóton, uma partícula de luz, pois viajar verticalmente para cima e para baixo, enquanto se move horizontalmente para frente e para trás.
Tal comportamento contrasta fortemente com o de objetos visíveis a olho nu: tudo o que vemos se move como uma onda ou como uma partícula. Esta teoria da dualidade onda-matéria tem sido chamada de "O Princípio da Incerteza de Heisenberg". Esse princípio afirma que o ato de observar uma partícula perturba suas propriedades, como movimento e posição.
Em relação à mecânica quântica, esse efeito observador pode impactar a propriedade - partícula ou onda - de objetos quânticos durante as medições. Teorias quânticas futuras, como a interpretação de Copenhague, de Niels Bohr, afirma que um objeto observado não retém a sua dupla natureza e só pode se comportar em um estado.
Em 1954, um jovem estudante da Universidade de Princeton, chamado Hugh Everett, propôs uma suposição radical que diferia dos modelos populares da mecânica quântica. Everett não acreditava que a observação fizesse com que a matéria quântica parasse de se comportar de múltiplas formas.
Em vez disso, ele argumentou que a observação da matéria quântica cria uma divisão no universo. Em outras palavras, o universo faz cópias de si mesmo para ter em conta todas as possibilidades e essas duplicatas irão proceder de forma independente. Cada vez que um fóton é medido, por exemplo, um cientista em um universo vai analisá-lo em forma de onda e o mesmo cientista em outro universo irá analisá-lo em forma de partícula.. Cada um desses universos oferece uma realidade única e independente, que coexista com outros universos paralelos.
Se a teoria dos muitos mundos for verdadeira, ela tem muitas ramificações que transformam totalmente nossas percepções sobre a vida. Qualquer ação que tenha mais de um resultado possível produz uma divisão no universo. Assim, há um número infinito de universos paralelos e cópias infinitas de cada pessoa.
Estas cópias têm características faciais e corporais idênticas, mas não têm personalidades iguais por que cada uma experimenta um resultado separado. O número infinito de realidades alternativas também sugere que ninguém pode alcançar realizações únicas. Cada pessoa - ou alguma versão dessa pessoa - fez ou vai fazer de tudo.
Além disso, a teoria implica que todo mundo é imortal. A velhice não será mais um assassino infalível, pois algumas realidades alternativas podem ser tão cientificamente e tecnologicamente avançadas que elas desenvolveram um medicamento anti-envelhecimento. Se você morrer em um mundo, uma outra versão de você em um outro mundo irá sobreviver.
A implicação mais preocupante de universos paralelos é que sua percepção do mundo nunca é real. A nossa "realidade" em um momento exato em um universo paralelo será completamente diferente da de outro mundo; é apenas uma pequena invenção de uma verdade infinita e absoluta. Você pode acreditar que você está lendo este artigo neste exemplo, mas existem muitas cópias de você que não gostam de leitura. Na verdade, você é o autor deste artigo numa realidade distante. Assim, ganhar prêmios e tomar decisões importa se poderíamos perder e fazer escolhas diferentes? Estar vivendo é importante se poderíamos realmente estar mortos em outro lugar?
Alguns cientistas, como o matemático austríaco Hans Moravec, têm tentado desmascarar a possibilidade de universos paralelos. Moravec desenvolveu um experimento famoso chamado suicídio quântico, em 1987, que liga uma pessoa a uma arma fatal e uma máquina que determina o valor de rotação, ou momento angular, de prótons. A cada 10 segundos o valor de rotação de um novo próton é gravado.
Com base nessa medida, a máquina fará com que a arma mate ou poupe a pessoa com uma chance de 50% para cada cenário. Se a teoria dos muitos mundos não for verdade, então a probabilidade de sobrevivência do experimentador diminui depois de cada medição, até que ela se torne essencialmente zero (uma fração elevada a um grande expoente é um valor muito pequeno). Por outro lado, a teoria dos muitos mundos argumenta que o experimentador sempre terá 100% de chance de estar em algum universo paralelo e ele/ela tenha encontrado a imortalidade quântica.
Quando a medição é processada, existem duas possibilidades: a arma de fogo pode ou não disparar (neste momento, a teoria dos muitos mundos afirma que o universo se divide em dois universos diferentes para contabilizar os dois finais). A arma será descarregada em uma realidade, mas não em outra. Por razões morais, os cientistas não podem usar o experimento de Moravec para refutar ou corroborar com a existência de mundos paralelos, como os indivíduos do teste só podem ser mortos nesta realidade específica e ainda vivo em outro universo paralelo. Em qualquer caso, a Teoria peculiar de Muitos Mundos e suas implicações surpreendentes desafia tudo o que sabemos sobre o mundo.
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